Este país é o teu, este ardor apagado,
este feixe de coisas tristes e lentas;
para morrer não tens outro chão, para sonhar
basta o trigo maduro e a luz inocente.
O que pensam teus olhos, o que diz a mão
está agora mais perto do limiar da cal;
o que fica de ti não chega a ter nome
e busca o silêncio na paixão dos cardos.
Do verde adolescente ao vermelho amargo,
toda a música é arte de sombra;
este país é o teu, não chega a ser casa,
apenas o refúgio de lágrimas que escondes.
Eugénio de Andrade, Epitáfios (Ao A. A. - Fev.78)