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domingo, 23 de outubro de 2011

VIDA


Quando eu morrer, deitem já fora os meus versos todos!
E que haja sol e mar e céu e sonho a rodos.
Haja crianças gritando de alegria
E em teus olhos a paz, a sombra da harmonia.

Quando eu morrer, que tenha cada pobre agasalho e pão,
E o abrigo de um tecto. E que o meu coração
Dado ardentemente a quem me precisou
Fique a vibrar, vibrar... De tudo o que passou
Guardarei tão somente a eterna alvorada.

Quando eu morrer já não preciso de nada.
E se deixar no mundo um pouco mais de Amor,
Um gesto mais amigo, uma consolação.
O repartir a vida e o repartir o pão,
Já não preciso nada. Não sentirei a Dor.

De tudo o que sabia fiz o que fui capaz.
Quis ser unicamente um fermento da Paz.
Passei. e não somente aqui, na minha rua,
Passei. débil, passei. frágil, passei. Pobre, passei.
E acabei.      
                                            A vida continua.

Eugénia Pedro - Jan.76