Sou fria e quase muda,
Quando quero ser terra.
Quando quero ser tua.
Sou pedra lisa e dura,
Que jamais canta
E que não se mostra viva,
Jamais.
Sou raiz que adentra pela terra,
Sou poeira que desaparece no ar.
Sou, quem sabe, o brilho da festa da janela,
Que parece corpóreo,
Quando brilha o luar.
Sou água que evapora,
Sou nuvem que desagua,
Sou o sal que salga a água,
Sou a lágrima salgada
Que rolou do teu olhar.
Roseli Silveira, 1997