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sábado, 11 de agosto de 2012

Navio de sal...


[...]

Assim o meu navio de sal, que precipita
Em pedrinhas de neve águas sem importância,
Guarda por fora intacta a sua linha bonita
Escondendo talvez o melhor da sua ânsia.
Ah, se ele fosse salgar os caldos já tragados,
Tornar incorruptível a mocidade já verde,
Interessar o óculo do velho tio e os vidros suados
Da janela que ao longe este horizonte perde!
Se fosse encher de branco as paragens insossas,
Manter o gosto e a vida aos dias moribundos,
Conservar as faces às moças
E o movimento aos mares profundos,
Então sim! levaria a porto e salvamento
A sua carga.
Na dúvida, Capitão, espera o vento,
Iça as velas e larga!

Vitorino Nemésio - excerto do poema Navio de Sal

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