Coimbra,12 de Outubro de 1958
Como a tarde sem mim tem alegria!
como o sol vai contente sem me ver!
Uma noite de angústia em pleno dia...
Um tição na fogueira, sem arder...
Ah, danada trição de quem não sabe
Viver a vida!
Ah, pombas felizes
A catar o piolho do presente
Diante da tristeza dos meus olhos
Postos na eternidade!
Deus, a morte, a verdade,
E esta ilha de sombra
Num mar de luz!
Este molde vazio
De cada hora,
Agónico por dentro e fúnebre por fora
Miguel Torga, Diário VIII
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