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quarta-feira, 24 de abril de 2013

A Guerra...



Dalí . cabeça da guerra

A guerra que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito do erro da filosofia.

A guerra, como tudo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.

Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer-alterar.

Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza os pôs.

Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer cousas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.

A química directa da Natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.

A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.

Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as cousas pré-humanas, mesmo no homem!
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!

Alberto Caeiro (24.10.1917)


2 comentários:

  1. Excelente Maria. O problema do homem sempre foi achar-se o senhor de tudo e por isso guerreia. Quer alterar...quer interferir na vida dos outros povos...quer modificar a a evolução da natureza...enfim, " quer acabar com a paz na essência inteiramente exterior do universo " fazendo assim a guerra, dando assim cabo do próprio ser humano. Um beijinho, Maria e parabéns por este " alerta " ao perigo das guerras.
    Emília

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  2. Obrigada.
    mas a maioria das gentes ainda julga ser a guerra a forma de resolver questões pendentes, sacrificando vidas de inocentes...
    Vê o que se passa na Síria... e, infelizmente, não só.

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