«No indivíduo a consciência é a guardiã das leis ditadas pela colectividade no interesse da sua conservação. É o guarda que vela, dentro de nós, para nos impedir de infringir as regras estabelecidas; o espião instalado na fortaleza íntima do ser. O homem tem uma tal necessidade de simpatia, o seu receio da crítica é tão vivo, que ele próprio introduziu o inimigo no seu íntimo: a consciência não cessa de velar, sempre pronta a esmagar qualquer veleidade de independência. Ela é o laço poderoso que encadeia o indivíduo à massa e lhe faz aceitar os interesses da sociedade como superiores aos seus. O homem, como escravo da consciência, erigiu-lhe um pedestal. Depois, como um cortesão, adulador servil do ceptro que o oprime, glorifica-se com a própria servidão. A seus olhos, nenhuma invectiva é bastante dura para castigar aquele que desconhece o princípio da autoridade, porque ele sente-se desarmado diante desse independente.»
Sommerset Maugham, in um gosto e seis vinténs
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