Quando eu morrer, a terra aberta
Me beba de um trago
E esqueça.
Aos deuses minha oferta
É levar o que trago:
Eu, dos pés à cabeça.
Assim, com ervas altas,
Acabam os que começam.
Que Deus nos perdoe as faltas!
Dizem: "a terra que nos come":
Eu digo: "a que nos bebe" - e basta.
Somos só água que se some:
Choveu - e fomos
Na vida gasta.
Vitorino Nemésio, Eu, Comovido a Oeste
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