Neste país
onde se morre de coração inacabado
deixarei apenas três ou quatro sílabas
de cal viva junto à água
É só o que me resta
e o bosque inocente do teu peito
meu tresloucado e doce e frágil
pássaro das areias apagadas
Que estranho ofício o meu
procurar rente ao chão
uma folha entre a poeira e o sono
húmida ainda do primeiro sol
Eugénio de Andrade, Véspera da Água
Muito pertinente este poema que aqui nos trazes, Maria. Estamos mesmo num país " onde se morre de coração inacabado " e só nos resta "procurar rente ao chão uma folha" verde, cor da esperança num Portugal mais risonho, uma esperança que teimosamente não perdemos. Um beijinho e obrigada pela partilha. Fica bem, amiga e até sempre.
ResponderEliminarEmília