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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Imprevisto corrigido


Se minto? Quantas vezes! 
Mas em palavras. Não 
não nos meus olhos castanhos portugueses,
nestas linhas atávicas da mão...
Se minto?... Minto, pois! 
Mas nas orais palavras que vos digo.
 Não nas que entoo a sós comigo,
E em que enfim deixo de ser dois. 
Não nas que entrego a músicas, miragens. 
Alegorias, fábulas, mentiras.
Cadências, símbolos, imagens, 
Ecos da minha e mil milhões de liras. 
Se minto?... Minto! É regra de viver.
Mas não quando, poeta, me desnudo, 
E a mim me visto de inocência, e a tudo.
Venha quem saiba ver!
Venha quem saiba ler!

José Régio

5 comentários:

  1. OI MARIA!
    POSTAGEM COM UM TEXTO MUITO BOM.
    GOSTEI MUITO.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  2. Estás perdoado, então, pelas mentiras. Belíssimo poema!

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  3. Magistral exposição de motivos que traduz verdades da inocência mais pura que vem de uma grande alma. Meu carinho e meus aplausos,inclusive, por esse maravilhoso blog.

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  4. Não...na poesia, não pode haver mentira; há muita na vida de todos nós, mas a vida deveria ser sempre um grande e belo poema onde não coubesse uma única mentira. Gostei imeno e não conhecia. Obrigada pela partilha. Um beijinho
    Emília

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    Respostas
    1. Mentira poética?... Não conheço, de facto.
      Excepto se o poeta for de muito baixo nível... humano, claro.
      Mas nota-se logo.
      Beijinho, Emília.

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