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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Olvido...



Desce por fim sobre o meu coração
O olvido. Irrevocável. Absoluto.
Envolve-o grave como véu de luto.
Podes, corpo, ir dormir no teu caixão.

A fronte já sem rugas, distendidas
As feições, na imortal serenidade,
Dorme enfim sem desejo e sem saudade
Das coisas não logradas ou perdidas.

O barro que em quimera modelaste
Quebrou-se-te nas mãos. Viça uma flor...
Pões-lhe o dedo, ei-la murcha sobre a haste...

Ias andar, sempre fugia o chão,
Até que desvairavas, do terror.
Corria-te um suor, de inquietação...

Camilo Pessanha,  Clepsidra

3 comentários:

  1. Até arrepia.

    Que escolha de palavras primorosa.

    Beijinhos

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  2. Um grande poeta, mas que tem andado esquecido.
    Tem um bom fim-de-semana, querida amiga Maria.
    Beijo.

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