Madrugada.
O relógio marca as quatro.
Levanto-me; em S.O.S . procuro o sonífero.
Deito-me de novo. Apago a luz.
A escuridão lança sobre mim a ausência de claridade.
... Hoje telefonaste duas vezes:
Uma atendi; a segunda desliguei sem querer.
Não falaste. Não tiveste coragem.
Espero... sem esperar...
Ainda que ame sempre o milagre do som da tua voz.
De um reencontro.
Não da repetição -
- De um outro.
Os nossos reencontros nunca foram iguais...
Tento afastar-me da sensação de culpa
Por fugir do que desejavas que fizesse...
Acabo por nem querer saber bem o quê...
Ou o tenha, de há muito, adivinhado...
Amizade na internet publicitária ao teu serviço?
Revolta-me escravidão por razões materiais,
Seja pelo que for, qualquer que seja o objectivo.
E nunca gostei de sentir-me usada.
***
Continuo acordada na escuridão do quarto.
Uma vez mais , muito baixinho,
Agradeço a Deus o ter-te posto no meu caminho
Ao dar- me uma razão para viver outonos
Que contigo vou sentindo
Ao provar uma quase felicidade de existir
Na sensação ilusória de, afinal ,não estar só.
M. Alfonso
{2013/01/25}