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quinta-feira, 12 de julho de 2012

Mulher árabe...


Todos sabem como as mulheres árabes se vestem na rua: envolve-as completamente uma espécie de mantilha e uma larga tira de fazenda, pendente da cabeça, cobre-lhes o rosto, descendo sobre o seio até à cinta ou até aos pés. Andam sempre acompanhadas de eunucos que exercem sobre elas uma vigilância zelosa, quase vingativa. De resto saem pouco: as que se encontram nas ruas do Cairo são levantinas, isto é, gregas, sírias ou arménias... São ordinariamente cristãs e, se conservam o vestuário árabe, têm todas os costumes, os hábitos e os sentimentos das suas pátrias. São de famílias de negociantes, de mercadores, de banqueiros, de artífices, ou então simplesmente mulheres franques, isto é, europeias, tendo apenas, da vida árabe e dos seus costumes, o longo véu que as oculta. 
A mulher egípcia, árabe, nunca sai só; daí a separação extrema dos sexos. Não afirmo que na estreita rua dos
Bazares não se travem amores entre os árabes: um verdadeiro árabe, sob os véus que dão aos corpos um indefinido vago e o aspecto de sacos cheios de vento, sabe bem distinguir a beleza pela cintilação velada dos olhos, pelos movimentos do corpo, pelas pregas que revelam indiscretamente as formas.

Eça de Queirós, in O Egipto -  Notas de Viagem

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