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domingo, 22 de julho de 2012

Musa Ausente


Falta a luz dos teus olhos na paisagem:
O oiro do restolho não fulgura.
Os caminhos tropeçam, à procura
Da recta claridade dos teus passos.
Os horizontes, baços,
Muram a tua ausência.
Sem transparência,
O mesmo rio que te reflectiu
Afoga, agora, o teu perfil perdido.
Por te não ver, a vida anoiteceu
À hora em que teria amanhecido...

Miguel Torga, (1963) 


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