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terça-feira, 4 de junho de 2019

Voltaire - o filósofo- jogral da sátira mundana

Retrato de Voltaire por François de La Tour
[1694-1778]
François Marie Arouet, dit Voltaire...

Distinguiu-se pela opinião...quase sempre muito sarcástica, sobre o mundo em que viveu.
Cultuou, porém, e sobretudo, a razão humana.
Afirmou: « Deus deu-nos a razão como deu penas aos pássaros e peles aos animais. No fim de contas, ela consegue sempre levar a melhor sobre os tiranos.». E também que se o propósito da História era conduzir o homem à sua emancipação física, mental e moral, a arma para atingir esse objectivo teria de ser, a razão, combatendo a ignorância, pelo estudo afincado e trabalho persistente.

***

Acreditava na democracia e no seu princípio fundamental:
Vox populi vox Dei - voz do povo, voz de Deus. 

*(Será assim, nos tempos que vão correndo?...)*



 *Voltaire não negou Deus: ficou-se entre o deísmo e o ateísmo, com prevalência do primeiro.

***

Sobre os tempos do Rei-Sol, escreveu: « O povo perecia à fome ouvindo a música do Te Deum.»
E aos tiranos do seu tempo, avisava que a ambição deles conduziria, mais dia, menos dia, à revolta:
«Perdeis tudo quando conduzis o povo qual rebanho de touros. Mais cedo ou mais tarde, ele há-de matar-vos.»  
Desprezava a guerra, privilegiando a justiça social e a paz e entendimento entre povos e raças.
Durante grande parte da sua vida, houve passagens pela Bastilha por ter incomodado, com os seus juízos epigramáticos e ditos sarcásticos, alguns poderosos. Demasiadamente próspero para ser amargo e demasiadamente popular para ser triste - no dizer de alguém -,Voltaire brincou e riu das dores dos outros; e foi só a partir de 1749 que o desgosto da perda da mulher que amou (M.me de Châtelet) o fez ver o mundo sobre um novo aspecto, agora mais sério, mais amadurecido, para o que terá  também contribuído  o terramoto de Lisboa em 1755, e que o obrigaram a compreender, por fim, que a vida é muito mais do que um pretexto para a criação de epigramas, mais ou menos frívolos, repletos mordacidade. 
Chegado aqui, confessa:
"Com desadvertida alegria em tempos passados
Cantei o prazer em rimas sedutoras.
Mudaram os tempos e o destino ensinou-me o espírito
A partilhar as tristezas comuns da Humanidade."

***
Convidado por Frederico o Grande, da Prússia, como secretário particular, soube que este afirmara sobre ele que precisaria da sua companhia para lhe alimentar o intelecto apenas durante um ano, no máximo, acrescentando:"Espreme-se a laranja e deita-se fora a casca." Voltaire riu do gracejo,  e revidou: «Prefiro salvar a casca antes que seque completamente a laranja.» Abandonou sem delongas o tirano esclarecido, regressando a casa, à sua filosofia, à feitura das suas tragédias e romances, porém nunca demasiado ocupado para sair à liça na defesa dos espoliados e dos oprimidos, ao ponto de Sainte_Beuve afirmar sobre ele:"Toda a gente, de longe e de perto, lhe requeria os bons ofícios; consultavam-no as pessoas, relatavam-lhe os danos de que eram vítimas e solicitavam-lhe ajuda" E consta que a todos ajudava, com haveres intelectuais e materiais.

Como o nosso mundo está precisado de homens assim!...
Parece que pensar = pesar está filosófica e alegremente, nos tempos que correm, fora de moda...tempos  onde o estudo dos antigos, e os seus exemplos, deixaram de ter lugar.




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