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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Amanhecendo...


Dia

Amanhece.
O poeta de penas já cantou.
Já nos seus altos versos adormece
O fantasma da noite que passou.

Como um halo de sonho acontecido,
A luz das coisas vai nascendo em nós;
Desenha-se na sombra o pressentido
E a vida já tem gestos e tem voz.

Já novamente o sol doira a frescura
Da relva verde e do lençol de linho.
Outra vez há ternura
De gente a ver-se e de se ver caminho.

Miguel Torga,  Diário II - 1943

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