Equivocara-se a pomba.
Se equivocava.
Por ir ao norte, foi ao sul.
Pensou que o trigo era água.
Se equivocava.
Pensou que o mar era o céu;
que a noite, madrugada.
Se equivocava.
Que as estrelas eram orvalho,
o calor era nevada.
Se equivocava.
Que a tua saia era a blusa;
teu coração, sua casa.
Se equivocava.
( Ela adormeceu na margem.
Tu, na mais alta ramagem.)
Eugénio de Andrade, Trocar de Rosa
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