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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O único problema...

[...]
« - Porque a morte é verdadeiramente o único problema do homem[...] A morte é o grande horror do homem e sabeis que há homens que se matam com o medo da morte, mortis formidine? Imaginais alguém que parta a cabeça contra uma pedra por ter receio de se magoar nela? A morte é o pavor do fim da vida. Mas sabeis que depois dela o tempo acabou? que depois dela a vida de um jovem ou de um velho duraram o mesmo tempo? Ninguém tem memória de antes de nascer e depois de morrer também não. Lamentarmo-nos para depois da morte é supormo-nos vivos para então. Corpo e espírito têm nela o seu limite, ela pode ser assim não a maldição que se imagina mas a libertação do sofrimento. Por isso o suicídio não é um estigma mas o triunfo do homem sobre o destino. Se a vida é desgraçada é melhor pôr-lhe um fim? Non potius vitae finem facis atque laboris?
 - Mas acima de tudo, se queremos estar na vida em perfeita coordenação com ela, temos de saber que nada na Natureza é justo ou injusto. Que nada tem significado. Se houvesse justiça nenhum animal matava outro para subsistir. Não morreriam crianças indefesas. Não haveria catástrofes na Natureza. O homem de amanhã será um homem natural, limpo de todas as ilusões e tranquilo.»
Virgílio Ferreira, Na Tua face, cap. XIII, pág. 118-119

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