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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Um Centro de Saúde...



Num dos Centros de Saúde de  uma cidade capital de distrito do litoral-centro, pelas 19 horas, encontrámos  uma solícita funcionária de bata branca na recepção, enquanto uma outra, de bata azul, esfregonava o chão de um longo corredor, deficientemente iluminado. O único utente éramos nós, no pressuposto que as instalações encerrassem pelas 20 horas, segundo informações de um farmacêutico que insistira em que recorrêssemos aos seus serviços com a máxima urgência.
Explicámos à funcionária de bata branca o que nos levara ali: a laceração de uma veia nas costas de uma das mãos com evidentes sinais de se encontrar  infectada. Escutou as explicações e perguntou-nos de imediato qual era o médico de família. Respondemos que, naquela cidade, não tínhamos. Foi-nos dito que, para o nosso caso, o sector de atendimento ficava ao fundo do corredor onde, a meio do mesmo, e visivelmente às escuras, a funcionária de bata azul, inclinada sobre a esfregona, limpava o pavimento e fechava portas. Perante o nosso aturdimento em iniciar a busca naquela escuridão, perguntou-lhe, elevando a voz, se ainda estava por ali o médico ou a enfermeira e a mulher, de cabeça baixa, respondeu não se encontrar ali ninguém.
Sempre solícita, a funcionária da bata branca sacou de uma folha A/4 que consultou e informou, após  rápida consulta, que a enfermeira daquele sector específico só seria encontrada por ali no dia seguinte, das 8 horas até às 14, frisando que não depois dessa hora.
Agradecemos e saímos.
No dia seguinte, entra as onze e o meio-dia, com a mão inchadíssima e dores que já tomavam todo o braço, dirigimo-nos de novo ao serviço do mesmo balcão, agora relativamente iluminado, de ambos os lados, por largas vidraças por onde se coava a luz de um dia com sol difuso.
 Ao cruzarmos a porta de entrada, deparára-se-nos um letreiro em plástico alertando para os cuidados a ter com o piso, limpo recentemente. Daí que o tivéssemos feito em bicos de pés, cruzando os mesmos corredores silenciosos da véspera e que assim continuavam.
 Num dos halls de recepção, de um e outro lados do balcão, lobrigámos cadeiras com gente sentada, quieta,  em silêncio e, atrás do mesmo, agora, em pé, duas funcionárias, ambas de bata branca. Sobre o balcão, papelada e dois écrans de plasma. E, no mesmo corredor, entre vidraças, via-se, talvez, a mesma mulher de bata azul inclinada sobre a mesma a esfregona.
Porém, àquela hora, era a única coisa que mexia por ali, à excepção do som produzido pelas palavras  que trocavam entre si as duas mulheres de  bata branca.

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