Powered By Blogger

Translate

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Na aldeia...



Duas horas da tarde. Um sol ardente
Nos colmos dardejando, e nos eirados.
Sobreleva aos sussurros abafados
O grito das bigornas estridente.

A taberna é vazia; mansamente
Treme o loureiro nos umbrais pintados;
Zumbem à porta insectos variegados,
Envolvidos do sol na luz tremente.

Fia à soleira uma velhinha: o filho
No céu mal acordou da aurora o brilho
Saiu para os cansaços da lavoura.

A nora lava na ribeira, e os netos
Ao longe correm seminus, inquietos,
No mar ondeante da seara loura.

Gonçalves Crespo (!846-!883), Miniaturas/ Nocturnos


2 comentários:

  1. Lindo soneto! Clássico, perfeito!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Gonçalves Crespo era um esteta...
      Não admira. Punha melodia nas palavras e no verso.

      Eliminar