François Moreau - A esfinge vencedora
Estátua Falsa:
Paris,5 de Maio de 1913
Só de oiro falso os meus olhos se douram;
Sou esfinge sem mistério no poente.
A tristeza das coisas que não foram
Na minh' alma desceu veladamente.
Na minha dor quebram-se espadas de ânsia,
Gomos de luz em treva se misturam.
As sombras que eu dimano não perduram,
Como Ontem, para mim, Hoje é distância.
Já não estremeço em face do segredo;
Nada me aloira já, nada me aterra:
A vida corre sobre mim em guerra,
E nem sequer um arrepio de medo!
Sou estrela ébria que perdeu os céus,
Sereia louca que deixou o mar;
Sou templo prestes a ruir sem deus,
Estátua falsa ainda erguida ao ar...
Mário de Sá Carneiro
" Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida
A hora foge vivida
Eu sigo-a, mas permaneço..."
Paris, Maio, 1913
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