Adeus! Adeus! Partir... eis o destino!
Para dizer adeus ao mundo vim.
Um adeus me persegue de menino;
Anda na minha sombra, vive em mim.
Sou sempiterno adeus! Vou-me encarnando
Nas formas do meu próprio padecer...
Desgrenhadas figuras soluçando,
Dizem-me adeus nos longes do meu ser.
Adeus! O carro foge. O sol desmaia...
Um gesto, um lenço tremulando ao vento...
Depois, a rósea tarde que se espraia,
Numa onda de negro sentimento.
E vejo confundir-se a minha aldeia
Com as nuvens além dos horizontes...
Dela me fala a triste lua cheia,
Que em seu alvor negrejam ermos montes.
{...]
Eu vejo-te, sofrendo... A minha dor
Lembra a imagem vivente do teu rosto.
Sofrendo é ser contigo, eterna Flor,
Que deste vida eterna ao meu desgosto.
E agora viverei de tudo quanto
É mais que tua angélica presença;
Isso que no teu ser é já meu canto
E em lágrima divina se condensa.
Por aqui, meu Amor, irei vivendo
Da sombra que teu vulto, em mim, deixou.
Quando te disse adeus e o sol, morrendo
Nos teus olhos - tão negros! - se ficou...
Viverei duma eterna despedida,
Por esse mundo, ao deus-dará da sorte;
Longe de ti, que és a minha vida,
Perto de mim, que sou a minha morte!
Teixeira de Pascoais, Terra Proibida
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