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sábado, 12 de abril de 2014

Erótica...

A noite descia,
Como um cortinado,
Sobre a erva fria
Do campo orvalhado

E eu ( fauno em vertigem,
A rondar em torno
Do teu corpo virgem,
Sonolento e morno),


Pensava no lasso 
Tombar do desejo;
Em breve, o cansaço
Do teu último beijo...

E no modo como
Sentir menos fácil
O maduro pomo
Do teu corpo grácil.

Ou, sem lhe tocar
 - De tanto o querer! - 
Ficar a olhar ,
Até o esquecer,

Ou como, por entre
Reflexos do lago,
Roçar-lhe no ventre
Luarento afago;

Perpassando os meus,
Nos teus lábios húmidos,
Meu peito nos teus
Brancos 
                     seios
                                                   túmidos...




                                                                                         Carlos Queirós(1907-1949)

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