
Devaneio
Vivo perto de ti, mesmo sonhando,
Numa febre de amor que me devora
E vibra, no meu peito a toda a hora,
Teus lábios repelindo e desejando.
Pois quando nos deixamos, suspirando,
Venho de novo, pela noite fora,
Falar contigo, como falo agora,
Num sensualismo carinhoso e brando.
Pauto este amor, quase divino,
Que vive ligado a ti e ao teu destino,
E, mesmo em sonhos, te procuro e vejo.
Embora tu não queiras e eu não queira
Havemos de passar a vida inteira
Beijando as bocas num infinito beijo!
Florbela Espanca, Sonetos
Sem comentários:
Enviar um comentário