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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Imaginem, por Mário Crespo



Imaginem que todos os gestores públicos das setenta e sete empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em 10%. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.

Imaginem que os gestores públicos optavam por carros 10% mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em 10%.
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam 10% também. Que retiravam 10% ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas. Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.
Imaginem que dispensavam 10% dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público. Imaginem que gastavam 10% menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar. Ima ginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de 10% nas suas pensões. Em todas as suas pensões. eles acumulam várias. não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.
Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência. Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas. Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam. Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares. Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir 10% o tempo de espera por uma senença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos 10% do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.

Imaginem remédios 10% mais baratos.

Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde. Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros. Imaginem uma Polícia 10% mais bem paga, 10% mais bem equipada e mais motivada. Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido. Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem 10% também e a economia a soltar-se à velocidade de mais 10% em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.

Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar 10% as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguida pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando pinto de reduzir em 10% os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem maus ou bons, é seguida pelas outras empresas públicas.

Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.

Imaginem que país podíamos ser se o fizéssemos.

Imaginem que país seremos se não o fizermos.

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