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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Silêncio!...



No fadário que é meu, neste penar,
noite alta, noite escura, noite morta,
sou o vento que geme e quer entrar,
sou o vento que vai bater-te à porta...

Vivo longe de ti. Mas que me importa,
se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
em torno à tua casa, a procurar
beber-te a voz, apaixonada, absorta!...

Estou junto de ti e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se poisou e se perdeu!

Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa...Escuta!...Uns leves passos...
Silêncio! meu Amor!...Abre! Sou eu...

Florbela Espanca, Sonetos

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