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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Medo das multidões



Ninguém escapa ao medo das multidões.
Mesmo um homem destemido e corajoso, que pode não ter medo de um outro homem, ou de três ou quatro, será louco se tentar afrontar uma multidão, porque esta não atendem a raciocínios inteligentes sobretudo se se encontra exasperada, electrizada. E será então perigoso contrariá-la.
Também os políticos as temem.
Gustavo Le Bon, in "Psicologia das multidões", afirma que " os estadistas, em vez de orientarem a multidão, procuram seguir-lhe as indicações, atingindo um grau de temor que tira toda e qualquer compreensão à linha de conduta desses homens de estado."
As multidões aterrorizam todas as pessoas. Até os espíritos mais esclarecidos tremem perante elas, transigindo frequentemente, sobretudo se precisam dos seus aplausos e lhes temem a cólera.
Daí que o estadista, ou o condutor de multidões, aceite, nos dias de hoje, o que ontem reprovou apenas porque teve medo e não quis arcar com a impopularidade: e não queira sofrer as consequências de uma luta desproporcionada e inglória em que ficará irremediavelmente vencido.
Uma pessoa sozinha não poderá enfrentar uma multidão desvairada e ululante e com ela argumentar se dominada pelos piores fanatismos e menos ainda discordar: seria um suicídio.
A multidão funciona na base da irresponsabilidade.
Quando cada um dos seus componentes está isolado pode ser cordato e sensível; num grupo alargado torna-se ameaçador.
Em todo o tempo assim foi. E todos os que tentaram fazer frente a uma multidão, não temendo as suas apóstrofes, nem os seus rugidos, se tornaram suas vítimas.
É essa a principal razão porque se temem as revoluções. Por norma,os revoltosos sentem-se no direito de cometer todo o tipo de atropelos, qualquer que seja o seu ideário: assaltos, vinganças políticas ou outras, morticínios, estupros e outras violências, sobretudo se excitadas por indesejáveis ou outros agentes provocadores ao serviço de interesses de variados grupos sociais que sabiam, a partida, que a multidão desenfreada cometeria os piores abusos sobre o público anónimo. E o que obriga tacitamente este último a não reagir sob o império do medo.Quando muito a fugir, caso possa.
A multidão impõe-se pelo medo que provoca.

Concluindo: multidão e racionalidade não conseguem coexistir.

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