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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Soneto



A cruz dizia à terra onde assentava,
Ao vale florido, ao monte nu e mudo:
- «Que és tu, abismo e jaula, aonde tudo
Vive na dor e em luta cega e brava?

Sempre em trabalho, condenada escrava,
Que fazes tu de grande e bom contudo?
Resignada, és só lodo, informe e rudo;
Revoltosa, és só fogo e hórrida lava...

Mas a mim não há alta e livre serra
Que me possa igualar! Amor, firmeza,
Sou eu só - sou a paz... tu és a guerra!

Sou o espírito, a luz! tu és a tristeza,
Ó lodo escuro e vil...» Porém a terra
Respondeu: - «Cruz, eu sou a Natureza!»


Carlos Fradique Mendes, Versos

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