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quinta-feira, 27 de março de 2014

Elogio da Distância...


Sou distância de mim sobre os outeiros.
Distância, um cisne entre lagoas idas,
Um afago de mãos desconhecidas.
Mãos crispadas cerrando reposteiros.

Distância, nos meus olhos, é um seio
Que amamentou outras Paisagens mortas,
É o eterno ser no meu receio,
É o fechar contínuo de áureas portas.

Diante de mim essa distância existe,
Eternamente longe e sempre triste,
Doida toada que em penumbras fito.

É um descer de bronzes no meu medo,
É uma curva de Ânsia no arvoredo,
Um gotejar de cinza no infinito.


Alfredo Guisado (1891)

2 comentários:

  1. Uma belíssima escolha poética.
    Não conhecia nada deste poeta.
    Maria, desejo que tenhas uma boa semana.
    Beijos.

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    Respostas
    1. É. Há poetas de quem se fala pouco. Possivelmente porque não quiseram ser falados e a sua forma de escrever poesia foi apenas uma forma com qualquer outra de respirarem devagar.

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