António Nobre (1867-1900)
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Ó morte, minha amiga de outrora,
Que fazes aí, há mais d' uma hora?!
Queres-me? Ah, sim?
Cortei as relações contigo.
Oh, vai-te! Já não sou teu amigo,
Nem tu de mim!
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......................«Repara como há luz
No céu, mesmo de noite. A luz d' uma alegria,
À noite do teu céu, também virá um dia.
Anda daí comigo; não ouves como o vento
Desfolha sem piedade os choupos do convento?!»
Tantas folhas pelas ruas... que me importa;
São mais desgraças a bater-me à porta.
«Oh, verga a tua alma, tão alta como os astros
Que roçam pelas ondas e vão também aos astros.»
António Nobre, in Despedidas(1895-1899)
«Não há livro mais nosso que o Só, nem poeta mais português que António Nobre. Ele trouxe a linguagem poética ao nível da fala comum, fazendo da poesia o milagre de uma conversa à lareira.»
Vitorino Nemésio, in: O Só de António Nobre, artigo
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