Um sorriso para Cibele
Aqui não há nada, Cibele*,
A não ser uma alameda estreita
com renques de flores à esquerda e à direita.
As flores são daquelas de que eu não gosto, Cibele.
Pretensiosas.
Zínias, dálias, crisântemos, margaridas e rosas.
As flores de que eu gosto são das que ninguém planta nem semeia,
daquelas que a gente passa e diz:« Olhe, faz-me o favor.
sabe-me dizer como se chama esta flor?»
Não gosto delas, não,
mas à falta de melhor, Cibele,
é nelas que cevo a minha solidão.
Todas as manhãs, quando aqui passo para as ver
acaricio-as à flor da pele
e balbucio as palavras que ficaram por dizer.
Assim se vai passando o tempo, Cibele.
António Gedeão, in Poesias Completas
Cibele* - deusa romana da natureza selvagem, da fertilidade, da criação.
Que poema maravilhoso!
ResponderEliminarUma escolha perfeita de poema e imagem.
ResponderEliminarBom fim de semana
Beijinhos
Maria
Minha amiga passei para deixar um beijinho
ResponderEliminarMaria