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sábado, 25 de julho de 2009

Recurso



Recurso

Foi um sorriso o gesto que ficou
de me desperdiçar sem desalento:
uma pequena onda, no momento
mais trágico do mar - pequena e só.

Tudo evoluiu; apenas alvo e puro
prolonga-se o momento em jogo breve
dum sorriso que ficou a quem não teve
a âncora firmada em cais seguro.

De resto, o vendaval foi amansado
perante a tempestade dum sorriso
(tempestade oculta, como um guizo
que ninguém agitou, por ser cansado).

Dentro do meu cais, desfez-se a bruma.
Um sorriso domou a tempestade.
E o mundo se jogou na imensidade
duma pequena coisa, apenas uma.

Fernanda Botelho, As Coordenadas Líricas, 1951


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