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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dispersão



Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

[...]

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

[...]

(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)

E sinto que a minha morte -
Minha dispersão total -
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.

[....]

Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida.
Eu sigo-a, mas permaneço...


Excertos de Dispersão, poema de Mário de Sá-Carneiro. Paris, Maio-1913









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