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domingo, 11 de novembro de 2018

tempo há...


tempo há onde se vê correr um rio
nítido, ágil, 
 na direcção do mar;
que nos arrasta lenta,
mansamente,
na voragem,
e sentimos
ser a imagem
de barco altaneiro
a flutuar
**
tempos depois,
porém,
deixam de ver-se as margens
- não importam,
nem distraem -hélas!
e já pouco ou nada encantam...
**
mas são momentos...
**
as águas seguem no seu vagar suave
- às vezes convulso -
mas lá seguem...
**
nenhum de nós, porém, soube  pará-las
e, por muito que se esforce,
não aprende...
**
deixá-las lá seguir,
deixá-las:
águas do rio, lágrimas choradas,
suor de vidas maceradas,
deixá-las lá seguir 
o seu triste destino 
**
consigo levam
- lavam-
vagas de paixão, revolta, esforço,
encantamento,
e resquícios fúlgidos
da terna e translúcida grilheta
 em vida tecida
do imenso carinho
que um estranho acaso uniu.