Quero uma solidão, quero um silêncio,
uma noite de abismo e a alma inconsútil,
para esquecer que vivo - libertar-me
das paredes , de tudo o que aprisiona;
atravessar demoras, vencer tempos
pululantes de enredos e tropeços
quebrar limites, extinguir murmúrios,
deixar cair as frívolas colunas
de alegorias, vagamente erguidas.
Ser tua sombra, tua sombra apenas,
e estar vendo e sonhando à tua sombra
a existência do amor ressuscitado.
Falar contigo [só] pelo deserto.
Cecília Meireles
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