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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A Pura Face


A pura face

Como encontrar-te depois de ter perdido
Uma por uma as tardes que encontrei
Ó ser de todo o ser de quem nem sei
Se podes ser ao menos pressentido?

Não te busquei no reino prometido
Da terra nem na paixão com que eu a amei
E porque não és tempo não te dei
Meu desejo pelas hora consumido

Apenas imagino que me espera
No infinito silêncio a pura face
P'ra além da vida morte ou Primavera
E que a verei de frente e sem disfarce

Sophia de Mello Breyner Andresen [Livro Sexto]



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