Tenho na alma um segredo, um mistério na vida,
Uma eterna paixão nascida num momento;
Dor funda e sem remédio, trago-a recolhida
E quem ma provocou não me ouve um só lamento.
Serei sempre ao seu lado e ela, desprevenida,
Far-me-á sentir maior o meu isolamento.
E morrerei por fim - que existência perdida! -
Sem nada ter perdido e sem contentamento.
E se o Senhor a fez modesta, meiga e doce
É como se afinal bem cega e surda fosse,
Pois não dá pelo amor que a segue onde ela vá.
Ligada ao seu dever, rigorosa e singela,
Perguntará lendo estes versos cheios d' ela:
- Quem é esta mulher? ...E não perceberá.
Félix d' Arvers
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