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sábado, 22 de maio de 2010

Ser criança




Criança que passas,
Contente e ladina,
Suspiras com graça,
Tens voz cristalina,
Após ti deixaste
Um sopro de amor;
Decerto aspiraste
Colher uma flor,
Gentil, bonitinha,
De rosto rosado,
Como uma andorinha
Em voo folgado,
Que traz a saudade
Espalha a alegria;
Jeitos de ansiedade
E melancolia...
Criança que passas,
Tão bela e risonha,
Sorris à desgraça...
E a vida sonha
Pousar nuns cabelos
Só beijos garridos,
Prender-te nos elos
De prados floridos.
Linda criancinha
De rosto fagueiro,
Escondendo asinha
Um riso brejeiro...
E a vida que corre -
- Tu sempre sonhando -
Um beijo que morre...
E tu caminhando...
E se a tua idade
Traz risos e cor,
Ignora a ansiedade,
Semeia calor!
Escuta a lição
Das rugas marcadas
Na fechada expressão
Dum rosto apontadas.
Criança crescida,
Mocidade em flor,
Não esperes da vida
Só sonhos de amor!

Sophia Guiomar, Poemetos, [29-10-1958]

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