Sol pleno de janeiro; transparência gelada, desnudante.
De repente todas as nuvens se dissipam. No matagal das colinas
obscurecido ainda pelas grandes chuvas sobe
o fumo azul dos pastores. E lá ao fundo as cadeias de montanhas
de um azul exclusivo - o azul supremo. Nesta paisagem
vasta e límpida - diz ele - não há lugar para outra cor,
excepto o vermelho ínfimo do galo que estrangularam
sobre a pedra das fundações. Foram as suas palavras.
Assim se referia
ao movimento de dois dedos que descobriam
um ombro nu, uma ferida, uma fonte ou um sonho.
[Yannis Ritsos- poeta grego;1909-1990]
Tradução de Eugénio de Andrade, in Trocar de rosa
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