Luís Romero
As cores do outono quentes, vivas,
conservam todo o sabor
que o verão emprestou...
com as tonalidades das paixões vividas
aquecem o ar,
dominam os cabelos do vento
e este faz-se doce ao embalar de manso
tudo que é já frágil
e anseia descanso...
A claridade é diáfana
as nuvens rosadas ao sol poente
e a paz chega de uma forma quente
e aprende-se a amar as últimas rosas
não com a ânsia sem medida
de quem é jovem e voraz
mas dos que experimentam o outono
dum tempo outrora pleno de promessas
e se preparam a encarar com galhardia
o mistério da morte, essa eterna ferida...
Lá vai mais uma folha ao vento
pisada, macerada,
cumprido que foi o seu ciclo de vida...
Folhas cansadas são as que o vento leva
de gentes que amaram
sofreram, choraram...e sossobraram
abraçando lúcidas, conscientes,
o seu sonho de amor.
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